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Paraíba da Viola: A vida num barbante

23-11-2010 09:24

Poeta desde menino, Antônio Tenório Cassiano, mais conhecido como Paraíba da Viola, veio ao mundo em 1942, no dia 25 de julho, no Sítio Bom Conselho, no município de Teixeira, hoje Maturéia, na Paraíba. Baluarte da cultura popular, como é denominado pelos colegas de profissão, o filho de Seu Cândido Tenório e dona Francisca Cassiano já foi pedreiro, carregador, eletricista e alcoólatra, e hoje trabalha de segunda a sábado, das 8h às 21h, na Banca dos Trovadores, em frente ao Mercado Modelo, centro da cultura artesanal de Salvador.

 


Reconhecido como Mestre da Cultura Popular, não imaginava chegar tão longe quando, em 75, aos 32 anos, desembarcou na Bahia, mais precisamente em Conceição do Coité, para passar um mês na casa da irmã Veronice. Com ele, três dos seis filhos e a mulher, Yolanda Gerônimo Cassiano, a quem se refere muito carinhosamente, de quem não se separa de jeito nenhum: “É a razão de meu viver”. Antes da Bahia, o tocador aportou em São Paulo por três meses, mas a situação não era adequada ao homem avesso às metrópoles.

“Não faça nada pra servir aos outros que não funciona. Só faça o que seu coração pedir”. E o dele pede e ele atende. Foi assim com a labuta, as viagens, a bebida. “Eu conto minha vida profissional depois que parei de beber pra cá”, diz o violeiro, que largou a bebida há 16 anos.

 

A conquista se deu após o ingresso, em 23 de setembro de 1989, no Grupo de Alcoólicos Anônimos de Conceição do Coité, onde participava ativamente das reuniões que acontecem às 20h das quartas e sábados e que hoje só vai, quando sobra um tempo. As reuniões realizadas em Salvador ele não freqüenta. Não gosta. Ele afirma que foi a cachaça e mais ninguém quem o levou a participar das reuniões. “Enquanto me chamavam pra ir, eu não fui. Quando deixaram de me aperrear, eu fui”, diz, com jeito teimoso. “Foi Deus e eu sozinho”, diz ele, com um misto de tristeza e orgulho no olhar.

 

Mas a tristeza é logo rebatida com um sorriso largo e cativante e permanece, assim como o orgulho de um homem de sessenta e três anos, consciente de sua vida, determinado e teimoso, que não tira nunca da carteira a oração de São Francisco de Assis, também conhecida como a Oração do Amor.

Paraíba da viola, dos versinhos sem versão escrita, de Coité, de dona Yolanda. Paraíba do repente que te pega de repente e te leva a consumir, de forma diferente, divertida e abrangente, a cultura brasileira, aquela verdadeira, cujas raízes fincadas estão no povo e dele emana para consumo desordenado e gostoso. Seu Antônio Cassiano é um desses barbantes fortes, que não passam ilesos em tempestades, mas não deixam cair seus folhetos.

 

FONTE: www.revistaopa.com/paraiba_da_viola.html

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